Vídeo-aula 21: A complexidade da constituição docente

Nesta aula a professora Silvia Colello trata da complexidade que envolve a profissão docente, uma profissão que gera desgaste, que às vezes faz sofrer dadas as múltiplas funções e compromissos e a tensão e ansiedade em conseguir atingir as metas e cumprir com os compromissos que envolvem a carreira do magistério.

Até a década de 1970, o fracasso escolar era considerado como culpa do próprio aluno. Mesmo assim, para reverter o quadro, era preciso investir nas competências dos professores para melhorar o aprendizado dos estudantes.


Nos anos 1980, estudos de diversas áreas vão desestabilizando mitos como o da carência cultural, carência afetiva dos alunos, por exemplo, além de estudos psicogenéticos e estudos sobre o funcionamento cotidiano da escola (a rotina da escola contribuía para a escola como produtora do fracasso escolar) trazem uma nova conclusão: o culpado pelo fracasso escolar é a própria escola. E permanece a lógica de que o professor é quem deve resolver o problema, já que é ele quem está diretamente lidando com os alunos. Cursos pautados nessa lógica propunham dar aos professores ferramentas e conteúdos para que se revertesse o problema do fracasso escolar.

Anos mais tarde, novos estudos vão mostrando a constituição do professor como algo bastante complexo, com multiplos aspectos, que a professora Sílvia Colello sintetizou neste esquema:

Fonte: Printscreen de trecho da aula 21.


Todos estes itens que aparecem no esquema compõem o profissional docente. Os fatores extrínsecos estão relacionados à: onde o professor se formou, quanto ganha, ou seja, ao conjunto do que a pessoa fez para se tornar professor (a formação inicial e a formação continuada). Os fatores intrínsecos tem a ver com a formação pessoal, com os valores, visão de mundo. A profissionalidade (profissão + personalidade) tem a ver com a forma como o professor viveu a sua formação, como ele foi se assumindo enquanto ser professor.

A partir destes quatro eixos o professor vai se formando, tendo como base a sua visão de mundo e uma cultura profissional (como a profissão docente é entendida neste mundo).

Quanto aos saberes, o professor lida ao mesmo tempo com os saberes relacionados aos conteúdos (pedagógicos/metodológicos e os conteúdos curriculares formais) e com os saberes que envolvem as concepções sobre o que é o aluno, sobre o que é a aprendizagem e sobre o papel do professor, dentre outras concepções.

Tudo isso se dá a partir de condições objetivas de trabalho (onde trabalha, quantas aulas por semana, quantos alunos por classe, quanto recebe, que apoio tem) e também as condições subjetivas (como se sente, como lida com as inseguranças e incertezas). Tudo isso gera um jogo de satisfações e insatisfações.

Mas na prática, como as coisas acontecem? São muitos os desafios diante da realidade, ressaltando dois principais: a difícil construção de um ensino de qualidade e a desvalorização do ensino com consequente desintersse dos jovens pelo magistério (a cada ano diminui o número de jovens ingressando na carreira do magistério).



A decepção com a profissão faz parte da fala de muitos professores atualmente. Esta decorre principalmente do desgaste ao longo dos anos; e também pelo fato de a carreira docente estar comprometida por já ter nascido "na periferia do sonho" (caso de professores que inicialmente pretendiam seguir outro tipo de profissão, mas acabaram se tornando professores).
No entanto, cabe a cada um pensar no porquê de estar nesta profissão e acreditar que se estão na profissão que escolheram, precisam continuar lutando por melhorias, pelo reconhecimento, pelo sucesso de seu trabalho cotidiano.

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