Vídeo-aula 13: A construção do fracasso escolar: os mecanismos do não aprender e os desafios do professor

O fracasso escolar é um fenômeno ligado ao rendimento acadêmico, medido por meio de avaliações externas, como IDEB, Prova Brasil, PISA, SAEB, entre outras avaliações. Verifica-se que a educação brasileira está muito abaixo do que se espera em termos de aprendizagem dos conteúdos curriculares.

A aula da professora Silvia Colello abordou a questão do fracasso escolar a partir das interfaces que relacionam a escola, o aluno e o mundo, analisando cada uma destas relações e seus desdobramentos. Trata-se de uma abordagem que procura analisar as relações que fazem parte do processo de ensino e aprendizagem, sem o reducionismo da culpabilização do aluno, da família, da escola.

Esquema feito por Paula G. de Oliveira a partir da vídeoaula 13


- A relação entre aluno e o mundo: o primeiro desafio para o professor é trabalhar junto com os alunos no resgate do valor do conhecimento na sociedade em que vivemos, pautada pelos princípios de uma economia capitalista, que valoriza bens materiais e cujos valores estão relacionados ao ter e não ao ser. Nesse contexto, as crianças e adolescentes frequentemente se veem diante de questões como: "Para que aprender?", "O que os estudos vão garantir para minha vida?".

- A relação entre o mundo e a escola: neste ponto da aula foi apresentada uma imagem muito emblemática sobre a situação da escola em relação ao mundo: a escola dentro de uma redoma de vidro, totalmente apartada do mundo real. De fato em muitas áreas a escola está bastante distante da realidade do mundo, sendo uma estrutura que se mantém ao longo de séculos, com poucas e superficiais mudanças. Coloca-se em questão a forma como a escola funciona e um dilema: a aprendizagem da escola é um fim em si mesmo ou o conhecimento adquirido realmente será utilizado ao longo da vida? É preciso sintonizar os conteúdos trabalhados na escola com o momento presente, onde o aluno está, de modo que o conhecimento faça sentido.

- A relação entre escola e o aluno: a forma como se ensina é extremamente importante para os resultados que se obtém em relação a aprendizagem dos alunos. As turmas são heterogêneas, ou seja, cada aluno é um indivíduo com necessidades, história, conhecimentos próprios. Não se pode pensar num ensino uniformizado, no qual os alunos memorizem informações que depois serão devolvidas em provas. Os alunos devem ter participação ativa na construção do conhecimento. É preciso que exista diálogo na relação entre professores e alunos.

No entanto, esta interface "escola-aluno" está intimamente ligada à interface "escola-mundo", pois uma vez que a escola encontra-se "engessada" num modelo que não mais responde às necessidades da clientela atual, do mesmo modo o aluno - que traz informações do mundo para dentro da escola, que por sua vez está praticamente alheia a este - também fica apartado da escola, mesmo estando dentro dela. Daí decorrem situações de alheamento do aluno em relação à escola, que podem gerar apatia ou até mesmo ações de violência, aparentemente sem motivos, mas que podem revelar um descontentamento do aluno em relação à forma como a escola o atende.

O vandalismo na escola pode ter muitas causas, uma delas pode ser a forma que o aluno encontra para demonstrar que não está fazendo sentido participar da escola na forma como ela está posta. Fonte da imagem: Blog Conexão JK



Segundo a professora Silvia Colello, o não aprender se explica a partir de múltiplas dimensões: cultural, social, pedagógica e política. O desafio é lutar por uma escola que seja uma instituição reconhecida, e que os alunos e a sociedade a valorizem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário