Vídeo-aula 14: Processos de aprendizagem e implicações para a prática docente

Nesta aula a professora Silvia Colello abordou o processo de aprendizagem, partindo da desconstrução de três mitos: a) que a aprendizagem é consequência do ensino; b) que ela se faz em etapas lineares e cumulativas; c) que aprender é diferente de utilizar o conhecimento.

Segundo os estudos sociointeracionistas (Vygotsky) o modo de aprender está relacionado ao contexto sociocultural, ao ambiente no qual o sujeito vive e se relaciona com pessoas e objetos. Dessa forma, não é possível falar sobre uma aprendizagem separada do contexto sociocultural dos alunos.

Elaborado por Paula G. Oliveira a partir da videoaula 14.


O esquema acima foi apresentado na aula, e mostra que o sujeito aprendiz relaciona-se com outros sujeitos dentro de um universo sociocultural, que por sua vez está envolto ppelo universo da Ciência, que são os saberes formalizados. A Escola tem o papel de relacionar todos estes elementos, estabelecendo relações entre o conhecimento, o universo sociocultural e os sujeitos.

Este processo ocorre por meio de três dimensões: cognitiva (saber fazer), afetiva (querer fazer) e funcional (poder fazer). É preciso que haja sintonia entre estas três dimensões, o que deve ser feito pelo professor por meio de: interação (o encontro com os objetos de aprendizagem), mediação (tornar possível o conhecimento) e linguagem (comunicação por meio de discussão, reflexões e levantamento de hipóteses).

O que faz o sujeito aprender ou não aprender?
Cada ser humano tem suas estruturas cognitivas, que estão aptas a assimilar informações ou conhecimentos de diferentes formas. Dependendo de como a informação chega ao sujeito, ele pode assimilar facilmente, pode assimilar parcialmente, ou pode não assimilar, pois da forma como a informação chegou até ele, não se encaixou em suas estruturas cognitivas.

O esquema abaixo representa um ciclo que faz parte do processo de aprendizagem:

Elaborado por Paula G. Oliveira com base na videoaula 14.

A partir de uma situação problema o sujeito mobiliza suas concepções e saberes prévios para elaborar hipóteses que o ajudem a solucionar o problema. A partir das hipóteses, ele antecipa os resultados e parte para a verificação. Nesse momento pode ocorrer o desapontamento, que levará ao desequilíbrio cognitivo, que por sua vez levará o sujeito a construir novas concepções e saberes.

Foi dito nesta aula que "todo aprendizado traz uma dose de sofrimento, pois é preciso considerar novos pontos de vista, às vezes abrindo mão de nossas concepções".


Como exemplo, foi mencionado um caso típico de criança em fase de alfabetização: a criança associa a escrita ao som da fala, portanto, ela tem esta concepção e elabora a hipótese de que para cada sílaba que falamos, uma letra deve ser escrita (hipótese silábica). Ao verificar esta hipótese, fica sabendo que não é assim, que as sílabas são compostas por mais de uma letra (no exemplo da imagem, a palavra cavalo). Num primeiro momento isto gera o desapontamento e o desequilíbrio cognitivo, mas a partir daí a criança passa a pensar novas hipóteses.


"Felizmente as crianças de todas as épocas e de todos os países nunca esperam completar seis anos e ter uma professora à sua frente para começarem a aprender" (Emilia Ferreiro)

Esta frase mostra que o ser humano é por natureza um ser curioso, e que busca a aprendizagem espontaneamente. Assim, é preciso estimular e resgatar a curiosidade dos alunos por meio de atividades que incluam a interação para buscar soluções, situações de observação, experimentação e pesquisa, o favorecimento de debates, reflexões, criação, atividades que desestabilizem concepções prévias dos alunos, para que exercitem outras formas de pensar sobre um mesmo tema.


Todas estas informações apresentadas nesta aula nos faz refletir sobre quanto a escola que temos hoje constituída, sobretudo na rede pública, contribui para estes processos de aprendizagem. Será que conseguimos, enquanto professores, o tempo todo, em todas as aulas promover um tipo de interação em que os alunos, todos eles, cada um deles, consiga exercitar suas estruturas cognitivas, modificar a forma como olham para as coisas, pensar diferente, aprender de fato? É um grande desafio que se coloca aos professores: exercitar a própria curiosidade e experimentar formas de trabalho que permitam conciliar as necessidades dos alunos e as possibilidades que o ambiente escolar atual oferece.

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