Vídeo-aula 24: Gênero e diversidade sexual: desafios para a prática docente

Prof. Claudia Vianna (FEUSP)

"O Estado e suas políticas nacionais e locais interpretam e regulam várias das concepções de família, reprodução, educação, estilo de vida, muitas delas entrelaçadas com a construção das relações de gênero". (Epstein, 2000)


O estado regula as identidades sociais, sendo a mídia e escola, instituições importantes para o reconhecimento das diferenças, ou para a exclusão social, ou seja, para a perpetuação da desigualdade.

O gênero estabelece uma imbricação com a sexualidade e ambos são socialmente construídos.

As políticas públicas para a Educação a partir dos anos 1990 passam por adequações a partir de demandas sociais, e também dos compromissos internacionais em relação aos Direitos Humanos. Nesse contexto foram lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) nos quais são elencados temas transversais, dentre eles, as questões relacionadas a gênero e sexualidade.


Embora tenha sido um avanço, por oficializar o tratamento do tema no currículo escolar, críticas à esta abordagem referem-se ao caráter prescritivo, às dificuldades de tratar do tema no cotidiano escolar e a falta de destaque à diversidade sexual. Além disso, há certa desarticulação entre programas, descontinuidades entre governos, divergências, situações estas que dificultam a prática do ensino voltado para as questões de gênero e sexualidade na escola.



Há um grande desafio nesse campo, que é a discriminação presente na sociedade. Foi realizada uma pesquisa entre 2003 e 2004 sobre a visão dos jovens a respeito do preconceito ligado à sexualidade. Foram entrevistados cerca de: 16.400 estudantes entre 10 e 24 anos, 4.500 pais, 3.000 professores do ensino fundamental e médio, em em 14 capitais e no DF. A pesquisa foi realizada em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério da Saúde, a Secretaria de Políticas para Mulheres, o Instituto Ayrton Senna e contou com o apoio da UNESCO, as pesquisadoras são Castrim Abramovay e Silva

Os resultados mostraram que existe grande desconhecimento sobre a sexualidade e também homofobia, com a hierarquização das sexualidades. Esta é a realidade presente nas escolas, o que contribui para transformar a diferença de gênero em desigualdade e exclusão.

A pesquisa mostrou que muitas pessoas não se consideram preconceituosas, mas que mantêm distanciamento em relação a homossexuais. Abaixo, um printscreen da vídeo-aula:



Para reduzir este quadro, é necessário que as práticas escolares reflitam um esforço em reverter este quadro de desconhecimento e preconceito em relação à diversidade sexual. É preciso investir na formação docente. É necessário romper com a reprodução de estereótipos de gênero, e trabalhar diversos modelos de femilidade e masculinidade de modo a acabar com a hierarquização dos gêneros.




O filme Billy Eliot (2000) é uma sugestão para se trabalhar na escola a questão da sexualidade e dos estereótipos de gênero. Trata-se da história de um garoto de 11 anos, cujo pai e o irmão mais velho trabalham como operários na Inglaterra dos anos 1980. Billy faz aula de boxe, mas frequenta secretamente as aulas de balé, escondido do preconceito do pai e do irmão. Na cena abaixo, Billy enfrenta este preconceito e mostra ao pai o seu talento:



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