Vídeo-aula 6: Temas Transversais em Educação

Ao assistir este vídeo o pensamento que me ocorreu foi o de que a segunda concepção à qual a professora Valéria Arantes se refere é um modelo ideal a ser alcançado, do qual estamos (pensando em toda a rede pública de educação) muito distantes de atingir plenamente.
Notei que a escola da qual faço parte, e provavelmente muitas ou talvez até a maioria, enquadra-se no primeiro modelo, aquele que tem a concepção do currículo organizado por disciplinas, e que em determinados momentos ocorre uma pausa nas atividades curriculares para que se tenham as "semanas temáticas", nas quais se tem como mote os temas transversais.

Interessante pensar sobre as metáforas visuais para cada uma das concepções de transdisciplinaridade. Na primeira, as retas paralelas cortadas pelas transversais transmitem a ideia de que cada uma das disciplinas, que são o "eixo vertebrador" do currículo, são atravessadas pelos temas transversais, porém sem que elas, disciplinas, se cruzem, elas seguem como retas paralelas - ou seja, cada disciplina operando isoladamente. Na segunda, a ideia de teia exprime muito bem o objetivo de se ter como ponto de partida os temas transversais, para que a partir deles os conteúdos das disciplinas possam ser abordados de forma integrada, o que ficou muito bem claro no vídeo em que o professor Ricardo Pátaro conta sobre o projeto com o qual trabalha.


Outra parte que me marcou na aula da professora Valéria foi quando ela falou sobre a necessária mudança de paradigma para que os temas transversais sejam abordados plenamente dentro do currículo escolar. No entanto, a imagem acima, uma charge de Quino, pode entrar aqui como uma expressão da dificuldade em se modificar um sistema já há séculos consolidado, que é o formato da instituição escolar, para implementar um novo modelo, semelhante à espiral que o menino da charge desenha para fugir de tantos quadrados que o cercam. A espiral, aliás, também pode ser uma metáfora interessante para um paradigma que pense a articulação entre as disciplinas e os temas transversais.

No entanto, a escola é formada por pessoas, pessoas que muitas vezes se sentem insatisfeitas com os rumos que a educação vem tomando. Cabe, portanto, às pessoas, que fazem parte dela, pensar, propor e começar novas e diferentes ações. Embora seja algo muito dificil, dada a estrutura que tem a Escola Pública, é uma necessidade.

Vídeo-aula 5: O conceito da transversalidade


A transversalidade pressupõe a abordagem, na escola, dos temas que dizem respeito à formação do aluno na perspectiva de prepará-lo para exercer sua cidadania de forma plena. Embora não seja de fato executada, é uma prerrogativa da escola atuar na formação não apenas intelectual, mas também nessa formação moral. Em tempos de novas configurações familiares, a escola, mais do que nunca, tem a missão de proporcionar esta formação.

O problema está no fato de que o currículo organizado por disciplinas é aplicado por profissionais que possuem formações específicas em suas áreas do conhecimento, e muitas vezes os temas transversais terminam por aparecer de forma episódica em atividades extras, em semanas temáticas, ou outros eventos pontuais no calendário escolar.

O ideal seria que houvesse dentro de todas as disciplinas espaços garantidos para que simultaneamente aos conteúdos curriculares, os temas transversais fossem também abordados. Temas como saúde, consumo, trabalho, sexualidade, ética, meio ambiente, pluralidade cultural, devem integrar as disciplinas, por meio de atividades que façam com que os alunos reflitam sobre as questões relacionadas a essas temáticas e que possam inclusive, propor ações para encaminhar possíveis soluções ao que for pertinente.



Mas por que isto não ocorre? há que se pensar hipóteses, como a falta de articulação entre o corpo docente nas escolas, a falta de planejamento coletivo nas unidades escolares, a falta de formação adequada, e inclusive, uma suposta necessidade de se estar sempre "em dia" com os conteúdos da disciplina formal, do currículo científico.

Vídeo-aula 4: A escola e a construção de valores

Estimular a construção de valores está entre as atribuições da escola, uma vez que os valores são inerentes à formação da cidadania. Nesta videoaula são apontados aspectos que influenciam nesse processo dentro das escolas.

Dentre eles, está a necessidade de trabalhar estas noções de valores de maneira interdisciplinar, uma vez que faz parte de um currículo transversal, que não está dentro de nenhuma disciplina específica. Para tanto, é preciso que haja intencionalidade por parte da escola, para que isto de fato ocorra, ou seja, este trabalho deve ser feito em colaboração entre professores, gestão e alunos, sendo que estes últimos devem ter participação mais ativa e menos passiva nas aulas, tendo em vista que também podem contribuir com o conhecimento que trazem de suas próprias experiências.

As relações interpessoais também merecem muita atenção, pois no cotidiano escolar são tantas demandas, que pode acontecer de se priorizar o desenvolvimento de conteúdos, sem se levar em conta a riqueza de aprendizagens que as relações dentro da sala de aula e nos demais ambientes da escola podem proporcionar.



Fonte: imagens retiradas do Google Imagens, créditos não identificados.


A primeira charge me faz refletir sobre como tem ocorrido o diálogo dentro das escolas. Vivemos em um momento no qual todos têm direito a expressar suas opiniões, mas até que ponto elas são de fato ouvidas? Com relação à participação das crianças na gestão democrática da escola, como isto tem se dado de fato?

A segunda charge mostra que as subjetividades da criança não são bem vindas na escola. Bem, isto se encaixa ao sistema escolar que se tinha há muitas décadas atrás, onde as crianças eram obrigadas a obedecerem, a cumprirem com seu papel de aprendizes que apenas deviam seguir o mestre. Atualmente é impossível pensar a escola sem as subjetividades individuais, que são exatamente o que caracteriza um espaço democrático de aprendizagem de valores, onde se pode ter a possibilidade de aprender a lidar com seus próprios sentimentos, experiências, desejos e dos demais que fazem parte do grupo. Mas será que temos de fato este espaço totalmente democrático?

Vídeo-aula 3: O juízo moral na criança

Conforme a criança se desenvolve, tende a evoluir da anomia (ou ausência de normas) para a autonomia, passando pela heteronomia. Este processo ocorre simultaneamente à diminuição do egocentrismo, que é a atenção voltada para si mesmo.

"Toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire dessas regras." (Piaget, 1932)

A música abaixo se relaciona com a heteronomia, na qual o sujeito busca seguir regras/normas, para satisfazer uma demanda que é alheia, externa a ele, que talvez ele nem compreenda o porquê disto, mas segue.

Música: OK
Composição: Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz

Tudo pra ser aquilo tudo que todo mundo espera
Todo um perfil, aquele jeito que todo mundo gosta
Tudo pra ter tudo, um jeito que agrada a todos
Muito pra ver, o que te falta e o que todo mundo espera
Está por um fio aquela cara que a gente mais venera
Pode apostar tudo num jeito de arrumar tudo
Tudo afiado na ponta da língua
Tudo decorado de cabeça
Você permanece muito combinado
Calculado mesmo sem medida
Tanto, tanto que falta
Para chegar no ponto
Tanto que falta para ficar "ok"



Pensando sobre anomia e autonomia, lembrei da cena de 2001: Uma Odisseia no Espaço, em que o macaco desperta para o uso de um osso como ferramenta. Na minha concepção essa cena tem a ver com autonomia, pois a descoberta desta ferramenta permitiu obter alimento com mais facilidade e até mesmo garantir seu espaço perante os outros grupos.

Vídeo-aula 2: Os caminhos da interdisciplinaridade

A diferenciação das disciplinas permitiu que pudéssemos ter acesso ao conhecimento de modo analítico (por meio do qual dividimos para entender cada parte e, assim, compreender o todo). No entanto, ao se dividirem, as disciplinas tendem a se tornarem muito específicas, distanciando-se umas das outras. Isto é o que comumente se observa na realidade escolar, onde as disciplinas são separadas e nem sempre operam de forma integrada.
Através da interdisciplinaridade, é possível conhecer os fenômenos e compreendê-los em sua totalidade, uma vez que há diálogo entre as diversas disciplinas. Isto ocorre quando se faz uma atividade sobre, por exemplo a Copa do Mundo, ou as Olimpíadas, que pode ter orientação para que os alunos aprendam sobre os esportes, sobre o corpo humano, sobre a geografia de outros países, sobre a história dos países, sobre idiomas etc.

Fonte: Marcos Fernando Alves da Silva. http://marcosfernando.blogspot.com.br/

Esta imagem mostra um exemplo de como estudar um cubo de forma interdisciplinar: em ciências, mostrando sobre como seu material foi produzido, em matemática, ensinando a calcular seu volume, em artes, aprendendo a construir um cubo de papel e o aluno pensando em outras possibilidades a partir do que está vendo e aprendendo.

Vídeo-aula 1: As revoluções educacionais

Nesse vídeo o professor Ulisses traz um breve panorama histórico sobre a instituição escolar. Ele sintetiza três grandes momentos:
- o primeiro há cerca de 2 mil anos, quando havia uma relação mais individualizada entre o mestre e o aluno;
- o segundo, no século XVIII, quando a educação passa a ser uma responsabilidade do Estado. Aí já se tem a configuração física das classes como ainda as temos hoje, com um professor e vários alunos organizados em fileiras voltadas para o professor, tido então como o detentor dos conhecimentos.
- o terceiro é o atual momento que vivemos, período de democratização do acesso à educação pública e também de dificuldades em conciliar o acesso e qualidade a todos.

Este vídeo me fez lembrar de um artigo de Diana Vidal, intitulado “No interior da sala de aula: Ensaio sobre cultura e prática escolares”, no qual ela fala sobre a cultura escolar, considerando os elementos que permanecem ao longo tempo.

No artigo há uma referência sobre o fato de que a "forma escolar" configura-se “onde se constituem saberes escritos formalizados, produzem-se efeitos duráveis de socialização sobre os estudantes, dissemina-se a aprendizagem das maneiras de exercício de poder e propaga-se o ensino da língua na construção de uma relação escritural com a linguagem e o mundo” (p.28). De fato, a escola se define por estas características e são estas as que permanecem, quando observamos as escolas do século XIX e as de hoje. Porém, diante de atuais problemas com relação ao sucesso ou fracasso escolar, fica em aberto a questão sobre a compatibilidade entre a estrutura escolar e sua clientela.

Sala de aula da escola Caetano de Campos em 1908. Imagem do artigo de Diana Vidal.
Embora os alunos hoje não tenham mais a mesma postura, as salas de aula ainda são organizadas do mesmo modo.


Referência:
VIDAL, Diana Gonçalves. No interior da sala de aula: Ensaio sobre cultura e prática escolares. Publicado em janeiro/junnho de 2009, Currículo Sem Fronteiras, volume 9, número 1.
http://www.curriculosemfronteiras.org/vol9iss1articles/2-vidal.pdf